Rafael Lobato, piloto da Speedy Motorsport irá mais uma vez marcar presença nas corridas da sua cidade. No ano passado fez dupla com Pedro Salvador e teve muitos motivos para sorrir. A imagem do piloto com a bandeira de Vila Real ainda está fresca na memória de todos e a prestação do jovem Lobato, conseguindo o recorde de pista, foi a prova da sua qualidade e do seu talento.
Quisemos saber o que o piloto acha do circuito e como ele se prepara para a prova.
“O circuito de Vila Real é sem dúvida a pista mais desafiante onde já corri. Não só por ser um circuito citadino, mas pelos diversos tipos de curva que há… Desde curvas em 1ª velocidade a 6ª a fundo.
A minha preparação é igual para todas a provas, todas são importantes… Apesar de esta ser em “casa” tenho a oportunidade de quase todos os dias passar no circuito é de já me imaginar a acelerar por ele fora. É importante ir reunindo esta informação e ver as alterações que estão a ser feitas no circuito.
Correr em Vila Real é… É muito complicado de arranjar uma palavra que tenha tudo aquilo que um piloto sente ao guiar no circuito. Sentir que estamos “fechados” pelas redes de protecção e que qualquer erro é o fim da corrida, mas também conseguir ao longo da corrida ir vendo o público nas bancadas, a maneira como cada adepto vibra com o som dos motores e da velocidade com que passamos é brilhante!”
Como somos bastante chatos e temos a mania que somos pilotos desaproveitados, resolvemos pedir umas dicas a quem realmente percebe do assunto, não vá o destino pregar-nos uma partida e colocar-nos dentro de um carro de competição (sonhar não paga imposto). Rafael Lobato acedeu em explicar-nos como faz uma volta ao circuito, relembrando os tempos do Norma. Este ano será diferente pois o Leon é também muito diferente, mas vamos relembrar como o detentor do recorde passou por Vila Real rápido como um raio:
“Começamos na reta da meta, que em 2015 tinha uma nova versão da 1a curva. Chegávamos lá em 4ª velocidade e tínhamos de reduzir para 1ª ou 2ª velocidade – dependia do estado dos pneus e da aderência do piso. Logo de seguida temos uma direita onde não se vê a saída da curva, mas era feita a fundo já em 4ª velocidade. Chegamos à primeira curva rápida, travamos na passadeira de 5a para 4ª velocidade, mas uma 4ª quase no corte, o suficiente para abrandar ligeiramente e continuar com a rotação alta.
Depois temos a “Rotunda do Boque”, curva em 2ª velocidade, onde não há um ponto fixo de travagem por causa dos ressaltos durante a travagem. À saída da mesma, temos de ter cuidado para não alargar demasiado e não tocar nos pneus, sendo a fundo a partir daí… Temos uma esquerda onde é preciso acreditar e entrar no sítio certo para ser feita a fundo.
A seguir vem a sequência da “Maria do Carmo” onde chegamos em 5ª velocidade e reduzimos novamente para 4ª, com um ligeiro toque no travão e apontamos para a direita, depois esquerda e novamente direita (é importante a trajectória que começamos logo de início, pois se falhamos na entrada fazemos a sequência de curvas toda mais lento). É uma zona bastante rápida onde devíamos curvar perto dos 200km/h!
Depois tinha-mos a “aberração” do circuito… uma Chicane que não devia existir (a rotunda ao contrário como foi em 2014 era melhor, a meu ver), onde tínhamos de usar 1ª velocidade e trancar completamente a direcção para conseguir fazer a curva e ter atenção aos corretores porque eram bastante altos.
Depois vem a parte que dá ainda mais prazer… a zona de Mateus. Saímos da chicane e temos uma reta até a direita que dá acesso a famosa “Reta de Mateus”. Aí íamos de 1ª velocidade até 4a e a curva era feita com um ligeiro levantar de pé na entrada e a fundo a partir de meio, onde metíamos logo 5a velocidade e a fundo até 6a velocidade pela reta abaixo.
Vamos a descer e a aumentar de velocidade até atingirmos 240/250 km/h, com o carro a cortar rotação até lá baixo. Temos 2 esquerdas que se fazem a fundo, com bastantes ressaltos na trajetória e no fim da segunda esquerda começamos a travar para a Chicane feita em 1ª velocidade. Uma travagem bastante forte e complicada devido à velocidade que trazemos ao longo da reta (temos de ter cuidado com a saída para não tocar nas protecções). Vamos novamente de 1ª até 4ª velocidade para a direita feita a fundo, onde encontramos depois outra direita em que travamos para 3ª velocidade para fazer uma trajectória redonda e conseguir sair com velocidade para a reta seguinte. Mas é preciso segurar o volante com força pois o piso é bastante irregular durante a curva.
E entramos na última parte do circuito, uma “reta” a descer para a última curva, com uma travagem para a rotunda da MCoutinho, que se fazia em 2ª velocidade, mas tendo cuidado pois o carro a partir de meio da curva (onde nós queremos já estar a meter acelerador para sair bem da curva), começa a fugir de frente e não nos podemos entusiasmar senão vamos contra as protecções. Por fim entramos novamente na reta da meta.”
Qual o resultado final disto tudo? Uma volta mais rápida e imagens espectaculares. Agora vejam Lobato a aplicar a teoria. E aquela ultrapassagem depois da recta de Mateus??!!
Fábio Mendes
Chicane Motores